Por Levy Fernandes

No dia 28 de Maio de 2014, as 15h05min horas foi realizada na sala 87 da UFCA, uma roda de conversa com a temática: “politicas publicas de combate à violência contra a mulher: avanços e perspectivas”. Estiveram presentes: membros da equipe 03 da TTC, intitulada MUDEM, o publico em geral e demais pessoas convidadas para compor a mesa.
A discente e membro da equipe do MUDEM Elissandra Carvalho expos a importância do tema e explanou a ideia geral da TTC, a mesma apresentou o professor Eduardo Cunha enquanto tutor da equipe, este por sua vez realizou uma breve fala expondo a importância da realização da roda de conversa, bem como recepcionou os convidados e o público em geral. Após a fala do professor Eduardo Cunha, Elissandra convidou os membros a compor a mesa. Após a formação da mesma foi realizada a exposição de um vídeo produzido pelos alunos da equipe TTC, como forma de instigar o diálogo entre os presentes.
Abordagem realizada pela mesa:
A estudante Alana Maria inicia sua fala expondo a forma como as mulheres são tratadas em relação aos homens na sociedade, a mesma ressalta o fato de que, muito embora homens e mulheres possuam os mesmos direitos perante a lei, e considerando ainda que mesmo que ao longo dos anos as mesmas tenham conquistado a sua independência financeira, ainda é possível observar que no dia-a-dia a efetivação de tais direitos não ocorre de forma igualitária, à violação dos direitos das mulheres ainda é um fator recorrente na sociedade.
Associado a esta problemática Alana Maria, vem colocar o patriarcalismo enquanto fator contribuinte para tal situação, bem como as expressões do capitalismo onde muito embora homens e mulheres desenvolvam a mesma atividade comercial, ambos recebem remunerações diferentes, e o homem ganha mais que a mulher. A mesma ressalta ainda a mídia, como sendo um fator negativo, considerando que esta vem realizar exposição do corpo da mulher de forma negativa, por meio da comercialização do corpo feminino na atualidade e dos mais variados tipos de preconceito e violências às quais as mulheres são submetidas assim como a violência contra os travestis e sua exclusão no âmbito social, bem como os preconceitos referentes a crimes sexuais cometidos contra lésbicas e transexuais.
No que compete a temática do patriarcado e sua manutenção, esta ressalta o fato de que nos dias atuais a mulher tem de se sujeitar as vontades dos homens devido a sua posição enquanto membro da sociedade. Foi ressaltado ainda que o feminicídio apresenta estimativas elevadas, e a região do Nordeste é ainda onde se mata bastantes mulheres, com foco no Cariri que continua com uma media alta de feminicídios. Recentemente foi feita uma frente no Cariri, com muitas militantes na luta pela contra a opressão de gênero, sexualidade e cor, combatendo o sistema capitalista e patriarcado, tendo encontros semanais para estudo, o encontro acontece só com mulheres e também é intercalado com encontros mistos, e este busca interferir nas cidades e território, um exemplo desta ação, será um ato que acontecerá na cidade de Barbalha-CE no dia 01/06/2014, que terá como tema "combate a violência contra a mulher".
A delegada Kamila realizou uma abordagem acerca da origem e forma de atuação da Lei Maria da Penha, bem como sobre as diferentes formas de violência que são referenciadas nesta lei, sendo essas: a violência física, que ocorre por meio da agressão física, corporal; a violência psicologia, que acontece diariamente por meio de ameaça por parte dos homens perante as mulheres e que as frases de afronta são também características desse tipo de violência; a violência moral caracterizada quando o homem vem a desmoralizar a mulher, com palavras de baixo calão, difamando-a, acusando-a de traição; a violência patrimonial ocorre quando o homem se apropria indevidamente dos recursos materiais e econômicos que a mulher possui e resulta por deixa-la sem recursos financeiros; e por fim a violência sexual, segundo a delegada os casos de violência sexual não são atendidos na delegacia onde a mesma atua, pois esta investiga apenas os casos de estupro domestico, aqueles praticados onde a filha é estuprada pelo pai ou padrasto ou por alguma pratica de ato libidinoso com as filhas e esposa, e isso acontece de forma recorrente. Para atuar a delegacia só pode investigar se houver a denuncia por parte da mulher, a violência sexual não é somente a introdução da vagina, é sexo anal, oral, ou qualquer ato libidinoso.
A presidente do conselho da Mulher Francisca esta há 21 anos como membro do conselho que hoje é referencia no Estado do Ceará a mesma retratou que o machismo tem que diminuir na sociedade, e que os homens tem que entender que possui a mesma obrigação das mulheres nos deveres do dia a dia. Além disso, expos a forma como o conselho se articula no que compete aos casos de violência contra a mulher que como a mesma ressalta ocorre diariamente. Nessa perspectiva a mesma ressalta a importância das ações desenvolvidas pelo Conselho da Mulher ,seja no encaminhamento as vitimas para abrigo em Fortaleza, seja no atendendo as mães e filhos. Finalizou exaltando que tudo que se poder fazer para evitar a violência deve ser feito, seja por meio de denuncias ou mobilizações sociais.
Alexandre Nunes é professor da UFCA e Coordenador do Grupo de Gênero e Mídia na referida instituição, este realizou uma exposição da conjuntura atual acerca da temática abordada, este ressalta ainda que a mídia tem atrapalhado as tentativas de mudanças dos paradigmas em relação à violência de gênero no país, assim como as questões referentes à diminuição dos valores dados a mulher em relação ao homem na sociedade e as mais diversas formas de preconceito perante transexuais e mulheres de modo geral , na concepção do mesmo a forma como a mídia apresenta tais fatos contribui para o estimulo ao preconceito e a violência contra a mulher.
O professor realizou ainda uma abordagem acerca da causa LGBTT, onde esse ponto que muito embora exista uma legislação que ampare a mulheres vitimas de violência, as mulheres transexuais sofre com o preconceito e a discriminação, a não serem amparadas enquanto mulheres perante a lei, essas são tratadas pelo seu sexo de nascimento, portanto são vistas como homens e por isso não se inserem nas politicas voltadas para as mulheres.
Percepções de outros participantes
Cicero discente de Engenharia de Materiais-UFCA relatou que o homem deve de fato compreender e colaborar com o desenvolvimento das mulheres e viver em companhia harmônica com ela, sem violência e principalmente com respeito.
Paulo Junior discente de Engenharia de Materiais-UFCA, expos que as pessoas deviam se envergonhar pelo fato de Maria da Penha ser lembrada apenas pela questão da violência. Além disso, deveríamos ter respeito por todos, sejam homens, mulheres, gays. Acho uma pena no ano de 2014 estarmos discutindo a violência contra as pessoas. Discursões como essas eram pra ser desnecessárias, éramos pra estarmos discutindo não a violência, mais o que de bom que está acontecendo no respeito aos direitos coletivos. As leis que infelizmente não causam modificações e que todo cidadão deveria saber de uma coisa, o respeito mutuo, a ideias, aos pontos de vista, ter sua opinião, e que nenhum ser humano deveria se julgar superior e agredir os outros, todas sabem e menos de um terço da população não põem em pratica o que conhecem, onde as pessoas aplicam atos de truculência, não percebendo que do outro lado está um ser humano, em momento alguma vou me considerar semelhante a alguém que pratica atos de violência.
Wladiana membro do Centro de Referencia da Mulher, expõe que por mais que estejamos num mundo globalizado, de acordo com dados da ONU, a violência contra a mulher no mundo mata mais do que guerras. O machismo está presente no dia a dia, não somente nos homens mais também nas mulheres. Todos devem trabalhar efetivamente para discutir e ensinar diferente sobre o modo de viver, sem o machismo. A existência de um aplicativo de celular (Click 180) que auxilia ao combate a violência. O Centro de referencia como fundamental no trabalho com a Mulher, que irá atender mulheres vitimas de violência e trabalhar no empodeiramento destas, tendo ao dispor das vitimadas uma psicóloga para atendimento, advogados para auxiliar juridicamente as mulheres para que elas consigam sair da situação de violência, assim como do caráter preventivo que o Centro de Referencia irá proporcionar as mulheres da região.